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Petição pelo acesso a bombas de insulina híbridas em foco na Comissão de Saúde
A APDP reforça a importância da atualização das bombas de insulina comparticipadas em Portugal, alertando que, só no que diz respeito a associados, cerca de 600 aguardam por este sistema. Esta questão foi ponto central de debate na reunião extraordinária da Comissão de Saúde de dia 22 de dezembro, a propósito da petição pelo acesso aos sistemas híbridos de perfusão subcutânea contínua de insulina (bombas de insulina) e pela qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1 em Portugal.

“As pessoas com diabetes chegam a ter de tomar mais de 100 decisões por dia. E ao serem criadas as primeiras bombas, que ainda obrigam a esta tomada de decisão constante, avançou-se com um estudo piloto. O problema é que, muitas das vezes, estes estudos se arrastam, tornando-se na norma.”, explica José Manuel Boavida, acrescentando: “A situação que vivemos hoje é que ainda estamos na base daquilo que foi um estudo piloto para a criação das primeiras bombas, mas temos de avançar para conseguirmos garantir uma melhor qualidade de vida para todos os que vivem com diabetes tipo 1”.
“Existem estudos clínicos que mostram a grande eficácia destas bombas e estudos económicos que mostram o custo-efetividade destas.”, defende, apelando a uma decisão para ir além e “aproveitar a experiência adquirida através da utilização das bombas anteriores para colocar rapidamente cinco mil bombas por ano. Em dois ou três anos, conseguiríamos ter um grande grupo de pessoas a utilizar este dispositivo. E a nossa proposta passa por isto: introduzir estas bombas nos sistemas normais de funcionamento do Serviço Nacional de Saúde”.
Foi abordado o impacto que o alargamento, aprovado em 2016, da gratuitidade de bombas de insulina para crianças e jovens com diabetes tipo 1 tem tido na vida destas, bem como a disponibilização atual, tendo em conta o que está previsto na lei. Em foco esteve ainda a evolução do trabalho realizado pelo grupo de trabalho constituído em novembro pelo Governo. Os vários pais presentes nesta sessão partilharam a sua experiência e a melhoria que estas bombas podem proporcionar à vida dos seus filhos.
Também presente, a deputada Catarina Martins frisou a importância de controlar a diabetes: “é não só fundamental, seguramente, para cada uma das pessoas ter acesso ao melhor tratamento e não ficar dependente da sua possibilidade financeira ou da possibilidade financeira da família, mas até para o próprio Estado”. Agradeceu ainda o trabalho que tem sido feito pela APDP, mas também “a forma como mães, pais e cuidadores de crianças com diabetes se têm envolvido”.
Em Portugal, calcula-se que serão mais de 30.000 as pessoas que vivem com DT1, 5.000 das quais serão crianças e jovens, sendo que este número tem vindo a aumentar consideravelmente nos últimos anos.
Atualmente, existe já um sistema híbrido de perfusão subcutânea contínua de insulina, que funciona como um pâncreas artificial. Estes dispositivos são já comparticipados em países como Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Reino Unido, Itália, Eslovénia e Países Nórdicos. “Em Portugal, para abranger a população proposta, o custo anual corresponde apenas ao aumento do preço do dispositivo relativamente ao dos sensores e consumíveis, que já são comparticipados.”, remata José Manuel Boavida.
A petição da APDP, que juntou cerca de 25 mil assinaturas, foi entregue na Assembleia da República a propósito do Dia Mundial da Diabetes, que se assinalou no dia 14 de novembro. A APDP propôs aos grupos parlamentares um aditamento ao Orçamento de Estado de 2023 para a comparticipação de 100% dos dispositivos automáticos de insulina para pessoas com diabetes tipo 1 (DT1), que foi apoiado pelo Bloco de Esquerda. O pedido foi chumbado, tendo sido aprovada uma norma para a criação de um grupo de trabalho para avaliar as condições do alargamento do acesso aos sistemas.
A gravação da audição na Comissão de Saúde pode ser vista na íntegra no canal Parlamento.
Lisboa, 2 de Janeiro de 2023