NotĂ­cias

APDP apela a mudanças urgentes nas polĂ­ticas de saĂșde para combater o estigma associado Ă  obesidade

Federação Mundial de Obesidade estima que, em 2035, uma em cada quatro pessoas a nível global viverå com obesidade

Viver com obesidade Ă© um caminho para a vida toda e nĂŁo se define pela perda de peso. É no Ăąmbito do Dia Mundial da Obesidade, assinalado anualmente a 4 de março, que a Associação Protectora dos DiabĂ©ticos de Portugal (APDP) apela Ă s entidades de saĂșde em Portugal para a implementação de mudanças urgentes nas suas polĂ­ticas, nomeadamente no que diz respeito Ă  comparticipação do tratamento da obesidade, combate ao estigma associado a esta doença crĂłnica,  e Ă  mudança do ambiente obesogĂ©nico atual atravĂ©s de intervençÔes que envolvam a indĂșstria alimentar, a publicidade e os media

“A obesidade Ă© uma doença crĂłnica que requer uma abordagem integrada e multidisciplinar, mas ainda hĂĄ muito estigma associado. Durante muito tempo, as respostas Ă  crise da obesidade centraram-se apenas nas pessoas. É altura de mudar o foco para os sistemas que estĂŁo a falhar. Quem tem obesidade tem o direito a ser tratado como qualquer outro doente crĂłnico, beneficiando de novos fĂĄrmacos que podem mudar o curso da doença evitando complicaçÔes futuras, e isso nĂŁo invalida a necessidade de politicas mais eficazes na mudança ambiental e prevenção desta pandemia.”, afirma Carolina Neves, endocrinologista da APDP. “É fundamental que continuemos a trabalhar em conjunto com as autoridades de saĂșde para garantir que os doentes tenham acesso Ă s melhores opçÔes de tratamento disponĂ­veis, incluindo terapias farmacolĂłgicas quando clinicamente indicadas.”

A APDP defende que a comparticipação do tratamento da obesidade Ă© uma medida essencial para garantir o acesso equitativo aos cuidados de saĂșde e reduzir o impacto da doença na saĂșde pĂșblica. Estudos recentes tĂȘm demonstrado que estes fĂĄrmacos, alĂ©m de promoverem a perda de peso, tambĂ©m tĂȘm benefĂ­cios significativos na prevenção e tratamento de outras doenças associadas Ă  obesidade, como a doença hepĂĄtica e a sĂ­ndrome da apneia obstrutiva do sono. Dispomos de evidĂȘncia robusta que demonstra que o tratamento farmacolĂłgico da obesidade reduz em 20% o risco de morte cardiovascular e eventos cardiovasculares em pessoas com excesso de peso ou obesidade sem diabetes e com histĂłrico prĂ©vio de eventos cardiovasculares. Este dado e ainda  a demonstrada redução de 19% na mortalidade por todas as causas e de 18% na insuficiĂȘncia cardĂ­aca justificam a comparticipação destes fĂĄrmacos jĂĄ que impactam a mortalidade e o prognĂłstico deste grupo de pessoas.A obesidade Ă© uma doença complexa e multifatorial que afeta milhĂ”es de portugueses e estĂĄ associada a um elevado risco de desenvolvimento de outras patologias graves, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doença hepĂĄtica e apneia do sono. Existem atualmente cerca de 2 milhĂ”es de pessoas adultas com obesidade, um valor que aumenta para 67,6% da população portuguesa quando somadas as pessoas com excesso de peso. Apesar da sua gravidade, a obesidade continua a ser frequentemente desvalorizada e estigmatizada, o que dificulta o acesso equitativo a terapĂȘuticas eficazes.

“É essencial que a obesidade seja encarada como a doença crĂłnica que Ă©, que requer tratamento e acompanhamento mĂ©dico adequados”, frisa JosĂ© Manuel Boavida, presidente da APDP, rematando: “Acreditamos que, trabalhando em conjunto, podemos melhorar a saĂșde e o bem-estar das pessoas que vivem com obesidade em Portugal e a APDP estĂĄ disponĂ­vel para contribuir ativamente para a resolução deste problema de saĂșde pĂșblica.”

A APDP apela, assim, a todas as entidades de saĂșde que repensem as medidas para o tratamento da obesidade, tendo em conta a evidĂȘncia cientĂ­fica disponĂ­vel e o impacto da doença na saĂșde pĂșblica. Este Ă© tambĂ©m um passo fundamental para reduzir o peso global de outras doenças crĂłnicas, incluindo a diabetes, as doenças cardĂ­acas e o cancro e construir um futuro mais saudĂĄvel para as pessoas em todo o mundo.

Lisboa, 4 de março de 2025