Que tipos de diabetes existem?
– Diabetes Tipo 1
– Diabetes Tipo 2
– Diabetes Gestacional
– Outros tipos de Diabetes
Existem outros tipos de diabetes além do Tipo 1, Tipo 2 e Gestacional, mas esses ocorrem com muito menor frequência. São eles:
– Diabetes Tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults): costuma ser confundido com a diabetes do tipo 2. A maior incidência concentra-se em pacientes entre 35 e 60 anos. A manutenção do controle de glicemia é o principal objetivo do tratamento do portador de diabetes tipo LADA. Um aspecto que deve ser levado em conta, refere-se à progressão para a necessidade de terapia com insulina.
– Diabetes tipo MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young) que afecta adultos jovens mas também adolescentes e crianças. Apresentam-se com características de diabetes tipo 2 e são causadas por uma mutação genética que leva a uma alteração da tolerância à glucose.
– Diabetes Secundário ao Aumento de Função das Glândulas Endócrinas (Ex: doença de Cushing, acromegalia ou gigantismo, feocromocitoma, glucagenoma)
– Diabetes Secundário a Doenças Pancreáticas (Exemplos: pancreatite crónica, Destruição pancreática por depósito de ferro denominado hemocromatose)
– Resistência Congênita ou Adquirida à Insulina
– Diabetes Associado a Poliendocrinopatias Auto-Imunes
– Diabetes Relacionados à Anormalidade da Insulina (Insulinopatias)
Diabetes Tipo 1
A Diabetes Tipo 1, também conhecida como Diabetes Insulino-Dependente é mais rara (a sua forma juvenil não chega a 10% do total) e atinge na maioria das vezes crianças ou jovens, podendo também aparecer em adultos e até em idosos. Na Diabetes do Tipo 1, as células ß do pâncreas deixam de produzir insulina pois existe uma destruição maciça destas células produtoras de insulina. As causas da diabetes tipo 1 não são, ainda, plenamente conhecidas.
Contudo, sabe-se que é o próprio sistema de defesa do organismo (sistema imunitário) da pessoa com Diabetes, que ataca e destrói as suas células b.
Estas pessoas com Diabetes necessitam de terapêutica com insulina para toda a vida porque o pâncreas deixa de a poder fabricar. A causa desta Diabetes do tipo 1 é, pois, a falta de insulina e não está directamente relacionada com hábitos de vida ou de alimentação errados, ao contrário do que acontece na diabetes Tipo 2.
Diabetes Tipo 2
É, sem dúvida, o tipo mais comum de Diabetes. É causada por um desequilíbrio no metabolismo da insulina.
A Diabetes tipo 2 tem como principais fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e a predisposição genética.
Na Diabetes tipo 2 existe um défice de insulina e resistência à insulina significa isto que, é necessária uma maior quantidade de insulina para a mesma quantidade de glicose no sangue. Por isso as pessoas com maior resistência à insulina podem, numa fase inicial, apresentar valores mais elevados de insulina e valores de glicose normais. À medida que o tempo passa, o organismo vai tendo maior dificuldade em compensar este desequilíbrio e os níveis de glicose sobem.
Embora tenha uma forte componente hereditária, este tipo de Diabetes pode ser prevenido controlando os fatores de risco modificáveis.
Diabetes Gestacional
A Diabetes Gestacional é a que ocorre durante a gravidez. Esta forma de diabetes surge em grávidas que não tinham Diabetes antes da gravidez e, habitualmente, desaparece quando esta termina.
Contudo, quase metade destas grávidas com Diabetes virão a ser, mais tarde, pessoas com Diabetes do tipo 2 se não forem tomadas medidas de prevenção.
A Diabetes Gestacional ocorre em cerca de 1 em cada 20 grávidas e, se não for detectada através de análises e a hiperglicemia corrigida com dieta e, por vezes com insulina, a gravidez pode complicar-se para a mãe e para a criança. São vulgares os bebés com mais de 4 Kg à nascença e a necessidade de cesariana na altura do parto. Podem, por exemplo ocorrer abortos espontâneos.
Na primeira consulta de gravidez deverá fazer uma avaliação da glicemia em jejum.
Se o resultado for positivo tem Diabetes gestacional e serão necessários vários cuidados com a alimentação e estilo de vida.
Se o resultado for negativo deve manter os seu cuidados e vigilância.
Na consulta das 24/28 semanas deverá fazer a Prova da Tolerância à Glicose Oral (PTGO).
Se já teve Diabetes gestacional, e pretende voltar a engravidar é aconselhado que faça uma avaliação pré concecional, isto é, deve fazer despiste de Diabetes antes de tentar engravidar. Nestes casos a probabilidade de voltar a ter Diabetes Gestacional é de 30% a 50%.
Outros tipos de diabetes
Existem alguns tipos de Diabetes que não se enquadram em nenhuma das categorias anteriores, e que são pouco frequentes.
São causados por alterações conhecidas como defeitos nas células beta, alterações na ação da insulina, doenças do pâncreas, endocrinopatias diversas, entre outros.
Valores de referência
A imagem abaixo exemplifica as diferenças na quantidade de glicose no sangue.
Hiperglicemia
Dá-se o nome de glicemia à quantidade de glicose no sangue. Ao aumento excessivo da glicemia, chama-se Hiperglicemia.
A diabetes é uma doença que se caracteriza pela hiperglicemia que se deve em alguns casos, à insuficiente produção de insulina pelo organismo, noutros casos à insuficiente ação da insulina e frequentemente, à combinação destes dois factores.
As pessoas sem diabetes devem ter uma glicemia entre 80 e 110 mg/dl antes das refeições e entre 110 e 140 mg/dl depois das refeições.
Uma pessoa com diabetes deve tentar aproximar-se o mais possível destes valores ou atingir os objetivos indicados pela equipa de saúde, que são variáveis e individualizáveis, consoante a idade da pessoa e os anos de evolução da diabetes.
A insulina é uma hormona que faz naturalmente parte do organismo, e que serve essencialmente para fazer com que o açúcar existente no sangue – que é a nossa fonte energética principal – seja bem aproveitado, para nos dar energia.
Quando isto não acontece, as pessoas sentem-se com falta de forças e ficam com hiperglicemia.
Quando a glicemia está muito elevada, podem existir sintomas com:
- Urinar em grande quantidade e mais vezes
- Ter sede constante e intensa
- Sensação de boca seca
- Fome constante e difícil de saciar
- Cansaço
- Comichão no corpo (sobretudo ao nível dos órgãos genitais)
- Visão turva
Um passo importante para ajudar a estabilizar os valores de glicemia na diabetes e que depende exclusivamente de cada pessoa, é a aquisição de hábitos de vida saudáveis, o que implica seguir um plano alimentar saudável e ajustado às necessidades de cada um e a prática de actividade física, (como por exemplo, andar a pé no dia-a-dia.)
Se mesmo tendo estes cuidados, e fazendo a restante terapêutica aconselhada, a hiperglicemia se mantiver é aconselhável falar com a equipa de saúde que o acompanha, pois pode ser necessário ajustar o seu tratamento.
Há hiperglicemias ocasionais, que podem ser provocadas por:
- Uma ingestão excessiva em hidratos de carbono nas refeições anteriores
- Uma situação de stress
- Alterações na acção da medicação como sejam alterações na absorção intestinal dos medicamentos ou problemas técnicos na administração de insulina
- Períodos de doença aguda como sejam infecções urinárias, respiratórias, intestinais…
- Outros
Quaisquer que sejam as causas da hiperglicemia existe uma atitude básica e geral que pode ser feita pelo próprio indivíduo – aumentar a ingestão de água durante esse período de descompensação.
Para detectar esta situação e para que a pessoa possa estar a par do que se passa no seu organismo, convém fazer o autocontrolo sugerido pela equipa de saúde.
Sintomas
Os sintomas da Diabetes são causados pelas quantidades de açúcar no sangue.
Então podemos ter sintomas associados ao aumento dos níveis de açúcar – Hiperglicemia, ou à diminuição dos níveis de açúcar – Hipoglicemia.
HIPOGLICEMIA
A hipoglicemia geralmente ocorre em diabéticos que utilizam fármacos para controlar a doença, sejam eles insulina ou antidiabéticos orais.
Esta condição pode acontecer essencialmente por três motivos (isolados ou em conjunto): toma excessiva/incorreta da medicação, jejum prolongado e exercício físico inadequado.
Os níveis de açúcar no sangue não devem estar abaixo dos 70mg/dl.
Se toma medicamentos para controlar a Diabetes é necessário ter muita atenção com a alimentação para que os níveis de açúcar não desçam demasiado.
HIPERGLICEMIA
A hiperglicemia pode acontecer nas pessoas com diabetes mal controlada ou quando existe ingestão de uma grande quantidade de hidratos de carbono.
Esta condição pode causar sintomas como:
Sintomas na criança e no jovem
Quase sempre na criança e nos jovens a diabetes é do tipo 1 e aparece de maneira súbita e os sintomas são muito nítidos.
- Urinar muito (por vezes, pode voltar a urinar na cama)
- Ter muita sede
- Emagrecer rapidamente
- Grande fadiga com dores musculares
- Dores de cabeça, náuseas e vómitos
Quaisquer dos outros sintomas já atrás referidos podem também estar presentes. Perante estes sintomas, o diagnóstico de Diabetes deve ser rápido, seguido do início do tratamento com insulina pois, se não o fizer, a pessoa com Diabetes entra em Coma Diabético e corre perigo de vida.
Sintomas do adulto
A grande maioria dos adultos com Diabetes após os 35 anos são do tipo 2. No adulto é habitual a Diabetes não dar sintomas no seu início e, por isso, pode passar despercebida durante anos. O sintomas só aparecem quando a glicemia está muito elevada e, habitualmente, de modo mais lento que na criança ou jovem. Contudo, o açúcar elevado vai provocando os seus estragos mesmo sem se dar por isso. E é essa a razão pela qual, às vezes, já podem existir complicações (nos olhos, por exemplo) quando se descobre a diabetes. Uma pessoa pode ter uma Diabetes, impropriamente chamada, “ligeira”, a qual só é descoberta ao realizar uma análise de sangue ou ao apresentar alguns dos sintomas pouco marcados, já referidos, e que levam à suspeita do diagnóstico.
O Diagnóstico da Diabetes
O diagnóstico é feito através dos sintomas que a pessoa manifesta e é confirmado com análises de sangue. Outras vezes podem não existir sintomas e o diagnóstico ser feito em exames realizados por outra causa.
Os sintomas relacionados com o excesso de açúcar no sangue aparecem, na diabetes tipo 2, de forma gradual e quase sempre lentamente. Por isso, o início da diabetes tipo 2 é muitas vezes difícil de precisar.
Os sintomas mais frequentes são a fadiga, poliúria (urinar muito e com mais frequência) e sede excessiva. Muitas vezes o doente não apresenta estes sintomas (ou dá-lhes pouca importância) e o diagnóstico é feito por análises de rotina.
Nas análises encontramos uma quantidade de açúcar no sangue aumentada (hiperglicemia) e aparece açúcar na urina (glicosúria).
Pode ser uma pessoa com Diabetes:
Se tiver uma glicemia ocasional de 200 mg/dl* ou superior com sintomas
Se tiver uma glicemia em jejum (8 horas) de 126 mg/dl ou superior em 2 ocasiões separadas de curto espaço de tempo
ANÁLISES SANGUÍNEAS
Fazer análises ao sangue é importante pois, a partir desta, vai ser possível avaliar não só a glicemia mas também outros parâmetros importantes.
Alguns resultados dependem do peso, sexo, altura e idade.
O seu médico irá explicar-lhe os resultados da sua análise sanguínea adaptando ao seu caso.
Existem alguns valores de referência para os parâmetros de hemoglobina, hematócrito, colesterol, triglicerídeos e hemoglobina glicada.
O componente principal dos glóbulos vermelhos é a hemoglobina. A hemoglobina é uma proteína que transporta o oxigénio para todo o organismo. A hemoglobina retira, também, o dióxido de carbono das células.
A anemia ocorre quando os indivíduos têm os valores de hemoglobina diminuídos. É necessário acompanhamento médico bem como é recomendado que inicie uma dieta rica em ferro. O ferro é essencial para que a hemoglobina execute as suas funções. O organismo humano tem cerca de 4 gramas de ferro, dois terços deste encontra-se na hemoglobina.
O hematócrito é a percentagem do volume total de sangue composta por glóbulos vermelhos, por outras palavras é a quantidade de glóbulos vermelhos no sangue.
Uma redução do hematócrito indica uma diminuição do volume de glóbulos vermelhos. Isto pode relacionar-se com vários problemas e aconselha-se que consulte o seu médico.
O colesterol pertence ao grupo dos lípidos (gorduras).
O colesterol não é todo igual, exitem dois tipos: o HDL que significa, em inglês, High density lipoprotein e o LDL que significa Low density lipoprotein.
O primeiro tipo, HDL, é o preferível, já que transporta o colesterol para o fígado, diminuindo assim a quantidade de colesterol no sangue. Este tipo de colesterol deve estar acima dos 50mg/dl para que seja protetor contra doenças cardiovasculares.
O segundo tipo, o LDL, é chamado de “colesterol mau” por que estas lipoprotéinas transportam o colesterol do fígado e do intestino para as células do organismo. Quando aumentado é um forte fator de risco cardiovascular.
Os triglicerídeos também são gorduras que se acumulam no organismo, nomeadamente no sangue.
A acumulação excessiva, acima dos 200mg/dl, desta gordura faz com que se inicie a formação de placas nas artérias, aumentado a possibilidade de enfarte ou de acidente vascular cerebral.
Também pode ser chamada de hemoglobina glicosilada (HbA1c).
É uma forma de hemoglobina resultante de reações entre a hemoglobina e a glicose. Esta é extremamente útil na avaliação da glicemia por períodos prolongados.
A hemoglobina glicada serve para monitorizar o controlo da Diabetes de uma forma mais contínua. Assim a pessoa com Diabetes deve fazer esta análise trimestralmente, pois esta vai permitir analisar a glicemia num período de 60 a 90 dias.
O valor da hemoglobina glicada deve estar abaixo dos 6,5%, no entanto este valor não deve ser conseguido à custa de hipoglicemias. É importante referir que, dependendo de cada caso os objetivos no valor da hemoglobina glicada podem ser superiores a 6,5%, por isso deve sempre conversar com o seu médico sobre esta questão.
O doente diabético deve fazer avaliação da hemoglobina glicada semestralmente ou trimestralmente, dependendo dos casos.
Esta medição é vantajosa porque fornece ao médico informação sobre a glicemia nos últimos 3 meses. Tem também como vantagem o facto de a colheita não precisar de ser feita em jejum, uma vez que esta pode ser realizada em qualquer altura do dia.
URINA
Fazer a análise da urina é importante para que o seu médico possa avaliar a sua função renal.
Os rins são dos principais órgãos afetados na Diabetes, por isso, controlar é a melhor forma de averiguar a progressão da doença.
A albuminúria é a presença de albumina na urina. A albumina é uma proteína do plasma que ajuda a regular os movimentos da água entre os tecidos e o sangue.
A presença, acima de certos valores, desta proteína na urina indica que os rins não estão a funcionar corretamente por isso é tão importante avaliar a quantidade de albumina na urina.
A quantidade de liquido que o rim produz por minuto é a Taxa de filtração Glomerular (TFG).
São produzidos 125ml de filtrado por minuto o que corresponde a 180 litros por dia. Assim a taxa de filtração glomerular dá-nos indicação do trabalho dos rins. Quanto mais diminuída estiver a TFG mais comprometida está a função do rim.
Podemos classificar a doença renal em 5 estadios que aumentam progressivamente a gravidade à medida que diminui a TFG.
Por isso a sua avaliação e controlo é tão importante.
PROVA DE TOLERÂNCIA À GLICOSE
A prova de tolerância à glicose (PTGO) está indicada quando os níveis de glicemia se encontram acima de 126mg/dl em jejum e acima de 200mg/dl em medições ocasionais.
Para fazer a PTGO é necessário um jejum de 8h.
Em função dos valores obtidos:
- Realizado o diagnóstico de diabetes quando: Glicémia em jejum ≥ 126 mg/dl (7 mmol/l) ou glicose plasmática ≥ 200 mg/dl (11.1 mmol/l) após a PTGO
- Realizado o diagnóstico de Pré-diabetes quando:
- Glicémia em jejum: 100-125 mg/dl (5,6-6,9 mmol/l) – categoria de Anomalia da Glicémia em jejum
- Glicémia 2h apos PTGO: 140-199 mg/dl (7,8 -11 mmol/l) – categoria de Tolerância diminuída á glicose